Texto base extraído do livro de Jeremias 1.4-10
Parto do princípio
que tudo que existe, seja na terra ou no céu, existe para um sentido ou para um
propósito. Em outras palavras significa dizer que nada é, ou acontece por
acaso. Posso exemplificar alguns sentidos:
O sentido ou
propósito dos anjos? Os anjos foram criados tanto para
servirem e ajudarem aos homens, para ministrarem a vontade de Deus (Sl. 91.11;
103.20 e Hb. 1-7,14) e para serem ministros dos louvores e da adoração diante
do trono de Deus.
O sentido ou o
propósito do inferno? O inferno foi criado somente para
servir de prisão para o diabo e seus demônios (Mt. 25.41). Também não foi
criado para que ali o homem esteja. Digo isso porque as escrituras evidenciam
que todo e qualquer homem, sem exceção, foram criados para estar na presença de
Deus (João 12.26).
O sentido ou
propósito da árvore do conhecimento do bem e do mal? As pessoas sempre me perguntam por que Deus colocou esta arvore no
jardim do Éden. Deus assim permitiu que ali estivesse para que Adão e Eva
exercessem o que denominamos ser a liberdade.
O sentido ou
propósito dos pêlos do nariz? Será que até nisto há sentido? Há sim, servem
para filtrar o ar que respiramos, me diriam alguns...
Já que entendemos
que para tudo há um sentido, alguém se questionaria: Quem estabelece ou
determina os sentidos das coisas? “Das coisas” ficou bem solto, então, vamos
pôr algo em evidencia, por exemplo, o telefone. Quem definiu o sentido ou
propósito do telefone? Foi quem o criou, isto é, Graham Bell. Foi ele que
estabeleceu a serventia. Foi ele quem disse que o telefone serviria para que
houvesse troca, comunicação entre pessoas em locais diferentes ou no mesmo
lugar. Nisto, podemos concluir que quem dá sentido a criação é seu criador.
Então, se cremos
de fato que não viemos dos macacos, pelo contrario, cremos que de fato somos
criaturas de Deus, podemos então afirmar que somente ele pode definir o sentido
da vida. Alguém perguntaria, por quê? E, a resposta seria simples e clara:
porque ele é seu criador.
É de Deus que
Jeremias recebe a revelação quanto ao sentido pelo qual ele nascera (v.4-5).
Digo isso porque foi a palavra do Senhor que foi de encontro ao seu coração
para lhe mostrar seu sentido e propósito de vida: ser profeta. Não foi a
ciência, nem tão pouco a filosofia e menos ainda a religião que determinou e
definiu o sentido da sua vida. Todavia, são nestas e em outras portas que o
homem tem buscado uma resposta para sua existência.
Acredito que
Jeremias não seja melhor do que ninguém. Assim como Deus tinha e configurou o
sentido de sua vida, assim deseja Deus fazer comigo e com você! Posso afirmar
que Deus tem um propósito na vida de cada um de nós. É para isso que ele nos
criou (Sl 139.13-16).
Dou por certo, que
todo sentido ou propósito que Deus estabeleceu vem em consonância ou vem
atender a expectativa e necessidade que existe em cada um. Percebo isso quando
leio a Bíblia (Moises, Sansão, Davi, João Batista, Jesus), inclusive no chamado
de Jeremias. O chamado para ser profeta veio atender uma expectativa e necessidade
que havia naquela época: fazer-se ouvir a voz de Deus (o caminho, a verdade e a
vida). Não era por falta de profeta que o povo de Israel não ouvia a voz de
Deus, mas porque os profetas e os sacerdotes haviam se corrompido e falavam
coisas que Deus não havia dito. Então era necessário que alguém falasse da
parte de Deus. Se olharmos para o mundo afora veremos a necessidade que há e a
expectativa que existe em centenas de milhares de pessoas que esperam
ansiosamente para serem consoladas, amparadas, fortalecidas, abraçadas. Acredito
que seja por intermédio do sentido que Deus estabeleceu na minha e na sua vida,
que supriremos a enorme expectativa e necessidade que há neste mundo. O chamado
de Deus é que vivamos para dar sentido às expectativas e necessidades que há em
nós e no mundo no qual estamos inseridos.
Muito embora
saibamos que há um propósito ou um sentido a ser vivido, somos muito parecidos
com Jeremias. Criamos justificativas para não viver este sentido de Deus. As
justificativas de Jeremias eram por não se sentir preparado, não saber falar, ter
medo (v. 6). Essa tem sido a realidade de uma boa parte dos que se chamam
cristãos. Em nossos dias as nossas justificativas têm sido por causa de nossa
carreira profissional, por medo, por causa do recente casamento, por crer que
não estamos preparados, por causa dos filhos, por causa dos estudos, por causa
do namoro, etc. Só temos tempo mesmo para viver os nossos sentidos. Mas há duas
boas noticias para não nos justificamos diante do que Deus estabeleceu para
nossas vidas; a primeira é que Ele estará conosco nos ajudando a viver o
sentido. Foi esta a boa noticia que Jeremias recebe do Altíssimo (v.8). Isso
significava que Jeremias não estaria vivendo só, que não estaria sozinho na
trajetória. Deus o alegra afirmando que estaria com ele. Está é a mesma boa
noticia que Deus nos dá. Isso me leva a considerar e afirmar que a vida só tem
sentido se Deus estiver presente nas nossas vidas (João 15.5). A segunda boa
noticia que Jeremias recebe que é a mesma que devemos receber é que Ele nos
preparará (v.9-10), nos moldará em sua plenitude nos capacitando com seus dons,
habilidades, unção, talentos, sabedoria de tal forma que alcancemos seu sentido
e propósito.
Lembre que certa
vez, Jesus em um dos seus tantos discursos se apresenta como o pão que desceu
do céu, e que era necessário que todo e qualquer homem comesse de sua carne e
bebesse do seu sangue para que recebesse a salvação. Muitos acharam o discurso
de Jesus duríssimo. Para eles não fazia nenhum sentido aquelas palavras. Por
isso seus discípulos se escandalizaram a ponto de muitos desistirem da
caminhada com ele. E Jesus pergunta aos doze se também não queria se retirar
(João 6.30-70). A resposta de Pedro parece ser de alguém que tinha e recebia as
palavras de Jesus em estima. Parece que para ele fazia muito sentido o que Jesus
falara... Por isso o seguia. Por isso que sua resposta é “para quem iremos nós?
Tu tens as palavras de vida eterna”. Para Pedro o que fazia sentido era seguir
os passos de Jesus e sua palavra. Acredito que nascemos para segui-lo, para
adorá-lo, para glorificá-lo, para cumprir sua missão, para ser como ele é. Estes devem ser o sentido pelo qual devemos
viver e é nesta árdua jornada que tenho e venho, com grande dificuldade,
tentando viver.