Texto base extraído do livro de Lucas 9.49-56
É notório,
desde sempre e principalmente nos últimos dias, que o Criador de todas as
coisas, isto é, aquele pelo qual conhecemos como Deus ou Pai tem se tornado nas
mãos humanas uma espécie de propriedade particular e de uso exclusivo de um
determinado grupo ou de credo religioso. Isso mesmo, que você ouviu! A posse de
Deus é disputada entre as religiões como se fosse um elixir sagrado que pode
ser patenteado.
Lembro, que
no mundo business ou dos negócios, a
palavra patente é compreendida como um título de propriedade que certifica e
garante determinada proteção e benefício ao inventor, que vai desde impedir que
terceiros usem, copiem, produzam ou coloque a venda, sem o consentimento do titular
de direito, no caso o inventor, como também é um valioso instrumento que
confere ao titular sob a invenção e/ou criação se torne um investimento
rentável.
Aparentemente,
vejo na fala de João a Jesus (v. 49), um certo tipo de senso de titularidade sobre a pessoa
de Deus ou sobre sua propriedade aqui na terra, por essa razão quis proibir que
outros que não fazia parte do grupo usasse o nome de Deus, ou melhor, que não
se apoderasse das benevolências que o Senhor concede. Sua opinião é válida neste momento... Exagero?
Coitado de João, que não está aqui para se defender de mim e de você. Pode ser
que sim, todavia, não exagero quando me refiro a alguns líderes religiosos dos nossos
dias, que delimitam Deus entre as cercas das suas arrogâncias, como se Ele
fosse uma de suas propriedades privadas. Consideram Deus um ser comprometido
apenas com determinado gueto de fé ou com uma religião. É neste sentido, que,
inclusive, o cristianismo se apoderou de Deus e de suas bênçãos materiais e
espirituais bem como, em certo sentido, se autodeclarou como autoridade máxima
que determina quem pode e não pode ter acesso ao Pai. E, para piorar essa
situação, as diferentes vertentes do cristianismo brigam entre si para se
estabelecerem como única instituição representante de Deus aqui na terra ou no
mínimo buscam ser uma filial monopolizadora. É ou, não é? Por sinal, ter “deus” virou sinônimo absoluto de poder, status e prosperidade financeira. Infelizmente,
esta é a realidade de hoje, há quem se intitule, mesmo de forma camuflada, como
sendo a detentora dos direitos advindos do Ser Supremo. Uma simples pesquisa no
site de busca google pela palavra
seita prova está triste realidade. Mas, Quem foi que disse que Deus é cristão? São os mesmos que tentam aprisionar o Todo Poderoso sob quatro paredes
ou pertencente a um grupo de seleto de pessoas ou comunidade religiosa. A
verdade que nos liberta é sabermos e experimentarmos um Deus que é para todos;
todos que tem um coração inclinado e contrito a ele, que está livre das amarras
e delimitações que o homem estabelece e cria, e que fala
com os que estão dentro das catedrais, sem abandonar os que estão nos desertos
ou além dos muros de Jerusalém.
Mas, a
continuação, historicamente, não me deixa mentir, que a situação piora, quando
alguém ou um outro determinado grupo não aceitam ou discordam dos nossos pontos de vistas de fé e das nossas “verdades” como
verdade absoluta. Todos nós sabemos o que acontece. A bola da vez, tinha
um alvo especifico: os samaritanos, visto que iam sentir na pele o que nós
denominamos como justiça divina, se assim não intervisse Jesus (v. 51-56). Isso mostra,
que podemos utilizar de maneira equivocada ou de má fé o nome e a pessoa de
Deus. Dois motivos são justificados para tais pedidos dos homens a Deus: a
primeira é porque eles não fazem parte do grupo (sectarismo) e o segundo devido os samaritanos rejeitarem em receber Jesus (não
aceita a religião do qual confesso).
O nome de
Deus tem se esvaziado de sentido, servindo tanto para certificar e aprovar um
credo religioso, como também para que alguns usufruam de todas as regalias e
mordomias que se possa existir e imaginar. No nome de Deus, usurpamos o que não
é nosso, matamos, julgamos, determinamos, perseguimos, rejeitamos, condenamos e
expulsamos os irmãos, em vez dos “demônios” que há entre nós, com única exceção,
estas nos casos de prejuízo financeiros. Para estas e outras situações
similares, vale o que foi dito por Jesus “Vós não sabeis de que espirito sois”.
Esta é para
mim a semelhança, que existe entre o cristianismo e islã (EI), que ambas não conhecem
o Senhor, de que espirito és, se seu nome é Deus ou Alá, e o que isso implica
na vida. E, porque não dizer a semelhança entre todas?
Deus é amor assim
descreve as escrituras (1 João 4.7-8), nisso creio que podemos dizer que a
religião de Deus é aquela onde o amor habita e prevalece na vertical e na horizontal
(Tiago 1.27).
Fato é, que há quem use o nome de Deus em
benefício próprio. Mas, não posso negar que existem outros, geralmente, a
minoria que usa o nome de Deus em benefício do outro, Jesus foi e é referência.
Aliás, nos ensinou a olhar e crê em Deus, como pai; e mais do que isso como
nosso (Isaias 64.8 e Lucas 11.2). De todos que o buscam de coração, em espirito
e em verdade (Jeremias 29.13 e João 4.23-24) para todos
que entregaram seu coração a ele.
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Railton Rosa
Wellington Saraiva
27/07/2016