quinta-feira, 6 de outubro de 2016

ONDE ESTÃO OS CHAMADOS FILHOS DE DEUS?

Texto base extraído do livro de Neemias.

Não é novidade para seu ninguém que estamos vivendo em uma “crise sem precedente” algo nunca visto até aqui em nosso pais.  Muitos aguardam ansiosamente e esperançosamente por dias melhores...
Considero esta crise atual a pior dentre todas já vividas no Brasil, isso porque ela dividiu o pais em dois; entre ricos ou pobres, direita ou esquerda, etc.
Afirmam, os especialistas, que a crise se passa por três aspectos, sendo ela evidenciada na economia, no sistema político e no aspecto moral.  
Fazendo um paralelo com a situação mencionada acima é que aproveito para evidenciar outro tipo de crise instalada no mundo inteiro, que se refere a crise espiritual. A crise espiritual desencadeia uma crise institucional, isto é, as igrejas (instituição) não estão sadias porque geralmente os membros delas estão doentes.
Alguém indagaria: O que é vida espiritual? De forma simples, digo e considero que vida espiritual é viver um relacionamento íntimo com Deus. De forma prática seria viver considerando Deus, quanto na dependência, no propósito, na vontade, etc. O homem está em crise interior quando desconsidera Deus em sua vida, reconhecendo Deus ou não.   
Apesar de sermos um país, quase absolutamente, cristão raríssimos são em nossos dias, em que podemos apontar para alguém e dizer “este é um homem de Deus” (2 Reis 4.9) ou “aquele é um servo do Senhor” (João 13.13-17) e ainda “ele é parecido com Jesus ” (Mateus 26.73). Atualmente, há total descrença por parte de muitos nos chamados filhos de Deus.
Certo é que em tempo de crise sempre se busca um salvador da Pátria. Foi desse jeito que nasceu um Moro e Barbosa na história brasileira, basta relembrar os fatos. Pensando nisso, que me veio à mente a história de Neemias. As escrituras narram que Neemias era copeiro do Rei da Pérsia durante o reinado de Artaxerxes. Apesar de viver como escravo, de ter privações em sua liberdade e de estar vivendo distante de sua terra natal, creio que Neemias era feliz, tinha uma vida cômoda... Contudo, não deixava de pensar em Jerusalém, não se esquecia do seu povo, de suas raízes, etc. E, logo que teve uma oportunidade de revê um conterrâneo, que acabara de chegar de lá questiona a respeito do seu povo e de sua pátria. A situação acerca tanto do povo como de Jerusalém não eram das melhores, como retrata Hanâni, que assim diz:

“Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo”. (v. 3).

Diante deste relato deprimente e avassalador, vemos que a reação de Neemias é de comoção, de dor, de compaixão, de misericórdia e de amor para com aqueles, apesar dos erros do povo, dos líderes de Jerusalém ... Neemias se sensibiliza.
E, mediante esta situação que percebo e ouso em afirmar que estamos vivendo em uma crise espiritual. A crise da qual me refiro é em virtude da insensibilidade de muitos filhos de Deus para com o outro. Os chamados filhos de Deus não se comovem mais com as dores dos outros, do próximo, do mundo, da igreja... Diante das calamidades são raros os que se compadecem de verdade ou que estão dispostas a chorar ou se alegrar, a estender a mão, os pés e porque não dizer o bolso.
Vivemos dias insensíveis, onde os chamados filhos de Deus não visitam mais os enfermos; não matam a fome e a sede dos famintos (naturais e espirituais); não levam a luz em meio a escuridão; animo, onde há desanimo; perdão, onde habita o ódio; esperança, onde haja desesperança...
Segundo, o dicionário a palavra sensibilidade consiste em “tendência natural em reagir aos estímulos...” ou “é a disposição para sentir ou para se emocionar diante de algo ou alguém”.
É este estimulo e disposição que houve em Neemias, na verdade, a sensibilidade é uma característica que se sobressai naturalmente de todo filho de Deus, basta relembrar a sensibilidade que havia e há na pessoa de Jesus, quando chorou por Lázaro (João 11.33), quando viu a situação das ovelhas sem pastor (Mateus 9.36) e quando previu a situação de Jerusalém (Lucas 13.34-35), são exemplos de sua sensibilidade. Aliás, a parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37), talvez seja, para chamar a atenção dos chamados filhos de Deus por sua indiferença em relação ao próximo. Então como podemos se alegrar com a morte ou dor alheia? (Para quem se preocupa com o pecado alheio vai esta dica Tiago 4.17).
 Creio, na verdade, que o sacerdote e o levita até se sensibilizaram, mas pouco fizeram. Assim é a realidade de muitos de nós, infelizmente. A sensibilidade vista em Jesus e em Neemias é daquela que surge de uma percepção, mas que parte para a ação, ou seja, agir em prol da mesma.
 Interessante é vê que Neemias não age pela pressão, mas pela convicção que era seu chamado como filho de Deus. Ao contrário da nossa geração, que geralmente é movida pela barganha, pelo status, pela recompensa, pela pressão ou pelo chicote.
Pergunta:  Em que causa Deus quer e já sensibilizou seu coração para que lutasse? Você tem agindo em prol desta causa?
Importante saber que tem causas que teremos que lutar só (você e Deus). Já outras teremos que influenciar outros estarem na mesma direção. Eu acredito que o mundo não irá mudar pelo viés dos agentes políticos. Na verdade, não precisamos ser políticos para servir a nação e nosso povo. Basta apenas que os chamados filhos de Deus apareçam, aliás onde eles estão?    



Railton Rosa

06/10/2016