Texto base extraído do livro de Neemias.
Não é
novidade para seu ninguém que estamos vivendo em uma “crise sem precedente”
algo nunca visto até aqui em nosso pais. Muitos aguardam ansiosamente e
esperançosamente por dias melhores...
Considero
esta crise atual a pior dentre todas já vividas no Brasil, isso porque ela
dividiu o pais em dois; entre ricos ou pobres, direita ou esquerda, etc.
Afirmam, os
especialistas, que a crise se passa por três aspectos, sendo ela evidenciada na
economia, no sistema político e no aspecto moral.
Fazendo um
paralelo com a situação mencionada acima é que aproveito para evidenciar outro
tipo de crise instalada no mundo inteiro, que se refere a crise espiritual. A
crise espiritual desencadeia uma crise institucional, isto é, as igrejas
(instituição) não estão sadias porque geralmente os membros delas estão doentes.
Alguém
indagaria: O que é vida espiritual? De forma simples, digo e considero que vida
espiritual é viver um relacionamento íntimo com Deus. De forma prática seria viver
considerando Deus, quanto na dependência, no propósito, na vontade, etc. O
homem está em crise interior quando desconsidera Deus em sua vida, reconhecendo
Deus ou não.
Apesar de
sermos um país, quase absolutamente, cristão raríssimos são em nossos dias, em
que podemos apontar para alguém e dizer “este é um homem de Deus” (2 Reis 4.9) ou
“aquele é um servo do Senhor” (João 13.13-17) e ainda “ele é parecido com Jesus
” (Mateus 26.73). Atualmente, há total descrença por parte de muitos nos
chamados filhos de Deus.
Certo é que
em tempo de crise sempre se busca um salvador da Pátria. Foi desse jeito que
nasceu um Moro e Barbosa na história brasileira, basta relembrar os fatos. Pensando
nisso, que me veio à mente a história de Neemias. As escrituras narram que
Neemias era copeiro do Rei da Pérsia durante o reinado de Artaxerxes. Apesar de
viver como escravo, de ter privações em sua liberdade e de estar vivendo distante
de sua terra natal, creio que Neemias era feliz, tinha uma vida cômoda...
Contudo, não deixava de pensar em Jerusalém, não se esquecia do seu povo, de
suas raízes, etc. E, logo que teve uma oportunidade de revê um conterrâneo, que
acabara de chegar de lá questiona a respeito do seu povo e de sua pátria. A
situação acerca tanto do povo como de Jerusalém não eram das melhores, como
retrata Hanâni, que assim diz:
“Os restantes que ficaram do
cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está
derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo”. (v. 3).
Diante deste
relato deprimente e avassalador, vemos que a reação de Neemias é de comoção, de
dor, de compaixão, de misericórdia e de amor para com aqueles, apesar dos erros
do povo, dos líderes de Jerusalém ... Neemias se sensibiliza.
E, mediante esta
situação que percebo e ouso em afirmar que estamos vivendo em uma crise
espiritual. A crise da qual me refiro é em virtude da insensibilidade de muitos
filhos de Deus para com o outro. Os chamados filhos de Deus não se comovem mais
com as dores dos outros, do próximo, do mundo, da igreja... Diante das
calamidades são raros os que se compadecem de verdade ou que estão dispostas a
chorar ou se alegrar, a estender a mão, os pés e porque não dizer o bolso.
Vivemos dias
insensíveis, onde os chamados filhos de Deus não visitam mais os enfermos; não
matam a fome e a sede dos famintos (naturais e espirituais); não levam a luz em
meio a escuridão; animo, onde há desanimo; perdão, onde habita o ódio; esperança, onde haja desesperança...
Segundo, o
dicionário a palavra sensibilidade consiste em “tendência natural em reagir aos
estímulos...” ou “é a disposição para sentir ou para se emocionar diante de
algo ou alguém”.
É este
estimulo e disposição que houve em Neemias, na verdade, a sensibilidade é uma
característica que se sobressai naturalmente de todo filho de Deus, basta
relembrar a sensibilidade que havia e há na pessoa de Jesus, quando chorou por
Lázaro (João 11.33), quando viu a situação das ovelhas sem pastor (Mateus 9.36)
e quando previu a situação de Jerusalém (Lucas 13.34-35), são exemplos de sua
sensibilidade. Aliás, a parábola do bom samaritano (Lucas 10.25-37), talvez
seja, para chamar a atenção dos chamados filhos de Deus por sua indiferença em
relação ao próximo. Então como podemos se alegrar com a morte ou dor alheia? (Para
quem se preocupa com o pecado alheio vai esta dica Tiago 4.17).
Creio, na verdade, que o sacerdote e o levita até se sensibilizaram, mas pouco fizeram. Assim é a realidade de muitos de nós,
infelizmente. A sensibilidade vista em Jesus e em Neemias é daquela que surge
de uma percepção, mas que parte para a ação, ou seja, agir em prol da mesma.
Interessante é vê que Neemias não age pela
pressão, mas pela convicção que era seu chamado como filho de Deus. Ao contrário
da nossa geração, que geralmente é movida pela barganha, pelo status, pela
recompensa, pela pressão ou pelo chicote.
Pergunta: Em que causa Deus quer e já sensibilizou seu
coração para que lutasse? Você tem agindo em prol desta causa?
Importante
saber que tem causas que teremos que lutar só (você e Deus). Já outras teremos
que influenciar outros estarem na mesma direção. Eu acredito que o mundo não
irá mudar pelo viés dos agentes políticos. Na verdade, não precisamos ser políticos
para servir a nação e nosso povo. Basta apenas que os chamados filhos de Deus
apareçam, aliás onde eles estão?
Railton Rosa
06/10/2016